Pauper




















Daquela casa ouvia-se apenas os gritos
De um medo que sempre penetra
Entregam pois, as folhas abertas despidas de esperança
E gemem os pratos suspensos de nada colorido
Assim celebram-se as manhãs
De mãos rasgando a nudez de corpos magros
Recolhendo a surpresa da fome por ossos

Ainda não aprenderam a morder a língua e gritar pra dentro
Errei ao dar luz crias
Perpetuando sementes minguadas
Deixo o cansaço os criar

Sobre tijolos em falso
Nos basta não ter
De línguas e dentes cultivam miséria
Rezam os grandes nos próprios umbigos
Ninando a distancia que pesa

Com os pequeninos
A noite apaga o branco
Puxo destas verdades incoerentes
Faço aliança a impotencia

Da tua lágrima se enxerga o mundo.

6 Recados:

Anônimo disse...

Sabe, eu teria muito a comentar, mas... isso me calou.

"Da tua lágrima se enxerga o mundo."

Brilhante. Parabéns! ;*

Edina Regina Araújo disse...

"Ainda não aprenderam a morder a língua e gritar pra dentro"
...maravihosamente,perturbador ...

Marcello disse...

"Rezam os grandes nos próprios umbigos
Ninando a distancia que pesa"

Resumiu aqui 'o todo'...perfeito!

Meio difícil não se emocionar...lindo!

Carlos disse...

Cada vez melhor!
Maravilha!
Sensibilidade exalando aos poros!

Liza disse...

nunca fez tanto sentido...

adorei...

8)

M. D. Amado disse...

Realidade imperdoável, palavras muito bem escolhidas.