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Bob's


Bob’s
Eles se viram. Se olharam. E agora confirmam: estão certos de que já se viram antes.Seus olhares penetram-se. E no compasso acelerado do desejo, ambos notam algo em comum: são anjos controlando seus demônios. Insistem e se perdem pela carne, pelo prazer, pelo descontrole dilacerado da respiração ofegante de quando se aproximam.
Olhos nos olhos. Mais próximos... Se cumprimentam sem palavras. Aproximam-se mais, sentem certo calor. Deste, que parece iniciar de baixo pra cima e de dentro pra fora, fazendo com que os poros se enlouqueçam, abrindo e fechando sem ordem. Sentem um frio na barriga. Desejo.

A mão dela se esbarrou na dele, como quem não queria que esbarrasse. Intencionava mais. Queria tocar além da mão. Claro que ele nota. Ele, mais discreto, corresponde só com o olhar. Só que agora o tom muda. Ele tem fome. Ela tem fome. Os dois têm desejos.Olhos, mãos, pele, corpo, boca, língua, suor... Respiração.

Se desejam. Se imaginam. Se sentem. Ela o seduz. Femininamente traiçoeira, o puxa pelas mãos.
Vai ser ali mesmo. No andar de cima, no banheiro feminino. O tempo é curto, ela se encarrega de tudo. O ordena só com olhares e ele a obedece como quem entende todos os seus sinais.
A voz sussurra quente em seu ouvido... Ela o deseja. Passa a mão pela suas costas, usa suas unhas, o toca com sua boca quente e molhada. Vai até o pescoço que tem cheiro e suor de quem a deseja ainda mais.
Sorrateiramente, caminha com suas mãos até as mãos dele. Estão suadas. Parece um menino com medo. Ela encarrega-se de passar com as mãos dele no seu corpo. Tudo é ardente. Delírios e sussurros de desejo. Pele, boca, poros... é tudo quente. Tudo.
Acelera o ritmo. Boca com boca, as línguas dançando valsa em seus corpos.Pele branca, alva, quase inocente... Misturada a cor morena e quente de quase pecado. Temperatura nas alturas. Aceleram ainda mais o ritmo. Gemidos e sussurros de prazer até que... Batem na porta. Era no banheiro feminino. Envolvida, destemida e completamente entregue... Ela silencia tudo em um beijo, quase tímido.

Estão molhados de prazer. Mordendo os lábios, eles se olham. Batem mais uma vez na porta. Calmamente ela se arruma, se enfeita, enquanto ele, pasmo, assiste a tudo com o coração acelerado. Não batem mais na porta. Ela sai primeiro. Eles já se falavam tanto pelo olhar que ele entendeu também que poderia sair.

Saem. Estão de mãos dadas. Seus corpos aprenderam a se falar antes que suas vozes se proclamassem.
Foi a primeira vez e, com certeza, não seria a última.

Amor de infância


Quando estou ao seu lado, já sinto algo remexendo minha cabeça, você me enlouquece. O simples toque de sua pele na minha, é o bastante para me fazer fechar os olhos e não querer mais abrir. Ao te abraçar, sinto o suave cheiro de seu perfume e a pele macia de seu pescoço me convida a beijá-la. Beijo e sinto suas unhas se arrastando pelas minhas costas. Eu sei que você gosta disso. Delicadamente percorro o seu pescoço e alcanço sua orelha. Sinto seu corpo retorcer em meu abraço, sei que você adora isso.
Não adianta sussurrar em meu ouvido e dizer que estou judiando de você, pois toda vez que pergunto se quer que eu pare, você diz que não com a cabeça e com os lábios você me beija, pedindo mais. Minha mão se fecha sobre seus seios, firmes e rijos. Não poderia querer outro tamanho, eles se encaixam na minha mão como se fossem feitos para mim. Você joga a cabeça para trás, deixando escapar uma respiração mais intensa, na inútil tentativa de evitar o gemido.
Depois de judiar de você, continuo seguindo meu caminho. Enquanto minhas mãos apertam sua deliciosa bunda, minha língua deixou para trás seus mamilos e se posiciona para contornar seu umbigo. Nesse momento, fico em dúvida se gosta mais da minha língua em seu umbigo, ou se das minhas mãos te massageando.
Trago minhas mãos para frente e habilmente desabotôo o botão da sua calça jeans e desço o zíper. Estrategicamente ofereço minha orelha para que seja beijada e lambida; na verdade, quero estar próximo da sua boca para ouvi-la sentindo prazer. Meus dedos já ultrapassam o elástico da sua calcinha e brincam delicadamente sobre seus pêlos pubianos. Não preciso de olhos para saber que seu ‘penteado’ está do jeito que gosto – curto e retangular.
Adoro brincar em sua virilha, isso faz a expectativa aumentar. Meu dedo desce suavemente entre suas pernas e a resposta à minha ação vêm pelos dois lados: o gemido em meu ouvido – eu adoro isso – e a contração de suas pernas ao redor da minha mão. O mel do seu corpo lambuza minha mão e sua respiração em meu ouvido é algo que me deixa entorpecido. Sei que você ama isso.
Não se passa muito tempo até você voltar a sussurrar em meu ouvido: “Agora, você está judiando muito, muito, muito mesmo!”. Pergunto se quer que eu pare e você diz que sim. O sorriso em seu rosto é a prova de que também queria mais, mas não faz mal. Sei que precisa de tempo para que as coisas aconteçam na hora e no local certo, eu não tenho pressa. Afinal, temos todo o tempo do mundo.

Moradia


Cada dobra do meu corpo tem cheiro de mar
Porque meus ossos estão pintados de vermelho
Ascendo teus olhos
Provocando meus dedos, comendo minha mão com sal
Ajoelho-me diante do altar dos diabos
Dentro da minha boca ele dança

Poderia ser qualquer outro corpo, mas é da tua boca que quero lubrificar teu sono
Uma língua e minha santidade humilhada
Nada mais pedi... que não fosse uma língua
Suplício discreto onde meu corpo pede paz e pede guerra

A cada sussurro o delírio o gozo:
O desejo descontrolado de pintar imagens
Desenho em tua cabeça uma mulher nua arreganhada em seus jardins
Teu fluído canta por todos os meus pêlos
Vasculho com a língua o fluído do outro, e vasculho saídas
A língua queria desenhar ali, completa, escorrendo pelos cantos o gosto
A língua consentiu com o gozo

Devagar, bem devagar entre...
Adentre a única cavidade do grande devaneio
Lubrifico em meus dedos as entidades mais explícitas
Dança em tudo que preciso
Movimentos trêmulos, suados
Após o gozo a sensação perdura
Os músculos tornam-se vazios como as ondas
Teus olhos transam com minha íris
No útero do céu, o brilho escorre pelas coxas
Tua rua é um rio de orgasmos.

Vento Ventania


A menina que ventava morava no apartamento debaixo. Da janela da sala eu podia vê-la todas as manhãs na varanda, de sutiã e short, tomando café e olhando para a rua, para o céu, para o nada. O sutiã guardava um nada de juventude florescente, que mal marcava a blusa, mas capaz de mexer comigo mais que os seios fartos de mulheres nuas em capa de revista. Alguns minutos mais tarde eu a via saindo pelo portão do prédio, usando o uniforme da escola e um perfume, que cheirava à brisa da manhã e conseguia escalar o prédio até minhas narinas, atiçando uma brasa dentro de mim até levantar o fogo que ardia pelo esôfago.

Segunda-feira passada trabalhei até tarde e, na terça, acordei tarde demais para vê-la de sutiã na varanda. Desci para comprar o jornal e a vi na banca, uma saia esvoaçante. A menina. Bom-dia. Respondeu com o sorriso que levantou um vendaval de borboletas dentro de mim. Às vezes podia jurar que nesses encontros do acaso, entre um bom-dia e outro, podia ver um esboço de malícia e um brilho em seus olhos.

Ela na varanda, esses encontros, o desejo de ter a menina. A risadinha que sempre acompanhava o meu nome quando saia de sua boca. O desejo de olhar debaixo do sutiã da menina. Tocar cada centímetro da pele da menina. Medo e vontade, vento frio, arrepio.

Ontem ela passou o dia em minha casa. A mãe não sabia. A diferença de idade não era o motivo do desejo, mas confesso, só aumentava. Mas a verdade é que o que mais me fascinava na menina ventania era que ela conseguia controlar tudo, era a pressa que ela tinha para viver momentos, como se tivesse no bolso uma lista de momentos a serem vividos. E ela realmente tinha. Sonhar era muito pouco para ela. Ela me ensinou que a vontade soprava mais forte que o sonho.

Ela sentou-se no meu colo, sorrindo, mas o sorriso inocente era o meu. Ela também tinha o poder de me controlar. De me refrescar feito brisa para depois me devastar como um furacão. Encostou a cabeça nos meus ombros e me contou o seu segredo. Ela era dona de tudo. Da chuva e do vento. E podia fazer o que quisesse. Era dona. A menina, minha vizinha. Me beijou. Me abraçou. Abusou de mim de todas as maneiras possíveis.

Tinha treze anos e deitou na minha cama. Tirou o uniforme sem que eu pedisse. Os cabelos rolavam pelos ombros, como se ganhassem vida própria. A menina e seus cabelos que eu via todas as manhãs, flutuando ao vento, indo para a escola. Abriu o zíper da calça. A menina, que ainda tinha bonecas no quarto. Tudo sem que eu pedisse. As borboletas só se atiçavam mais e mais, ameaçando sair pela boca a qualquer momento. Os pêlos que nem tinha se arrepiavam com as minhas mãos grandes de homem adulto. E eu lembrava dela no domingo, entrando no carro do tio, o vento levantando a saia. Sua calcinha branca, a mesma que usava naquele dia.

O corpo branco da menina iluminado pela luz do sol das três horas da tarde que invadia meu apartamento pela janela. O vai-e-vem. Vem, menina. Ela não falava nada, e eu tinha medo de falar alguma coisa. De fazer a menina ir embora. Apenas suspiros. De prazer, de dor, não sei. Suspiros.

E quando aquele momento de silencio acabasse? Quando a menina fosse embora? Quando ela contasse para as amigas? E se... O ritmo só acelerava. E a menina suspirava. Ela era leve, parecia feita de vento. Vento forte que me levava.

Com a cabeça sobre o meu peito, tentei ainda falar alguma coisa, mas a menina sshhhiiiiiiiii. Sorriu com os olhos. Depois se levantou, pegou a calcinha branca no chão. E no dia seguinte ela estava na varanda de novo. De sutiã, de short, com uma caneca de café na mão. Eu olhando pela janela, ela me viu. Apontou para o céu. Vai chover hoje. – disse. Mas não havia nenhuma nuvem.
E choveu. Porque ela quis e a vontade dela era maior que a previsão do tempo. A vontade dela era maior que ela mesma. Eu pensava. Enquanto isso, a vontade da menina me sugava para seu mundo cor-de-rosa e cinco horas da tarde a menina voltou da escola, com a roupa molhada, nem passou em casa. Subiu correndo as escadas e antes que chegasse à minha campainha eu já tinha aberto a porta.

A roupa molhada no chão da sala. Eu com minha menina no sofá. Tínhamos ainda uma hora e meia até que a mãe dela voltasse do supermercado. E o temporal que não parava.

on/off

A webcam estava offline. Mas decidi deixar ele saber que eu também tinha uma câmera. Ele de imediato pediu que eu a ligasse. Hesitei... Logo ela estava ligada. A dele sempre estivera. Porém a penumbra não me deixava ver muito além da metade de um rosto marcante e um meio olhar sedutor.A luz do quarto estava sempre apagada.

Essa noite o desejo pedia mais. As luzes foram acesas e pude ver mais que o meio rosto e o meio olhar. Agora via também um ombro largo e forte. Ele ajustou a câmera para que eu pudesse ver o abdômen bem delineado, com ondulações conseguidas com exercício. Disse que não. Por enquanto não queria ver mais que isso.

Ele me pediu pra ver o meu corpo. Ele pode ver mais do meu corpo. Na verdade o pedido tinha tom de ordem. As ordens seguiam de uma forma que aumentava o meu desejo. Ele disse que já estava excitado. Era melhor parar, mas a o meu desejo era fazer tudo o que fosse preciso.

Não hesitei mais... estava lá, ele estava aqui. Eu fazia o que ele mandava, ele fazia o que eu pedia.

Viva as novas experiências



Acordou desesperado e nu. Suas roupas jogadas no chão. Observou que a porta estava entre aberta e se sentiu desprotegido. O tempo estava claro, já era dia. Ouvia uma música, mas não sabia de onde vinha. Reparou que sobre sua cueca havia um recado que dizia: Viva as novas experiências! O valor que ela me cobrou não chegou perto do que você me proporcionou. Ela, a sua novidade, você, a minha.


O motorista ficou pronto. Estava de calça jeans escura, tênis branco e uma camisa larga. O cabelo não necessitava de pente, bastava passar as mãos e estava pronto. Estava nervoso com seu primeiro encontro feito às escuras. Não conhecia o local, nem a pessoa. A expectativa de não saber nada era excitante. Viu apenas fotos. Há muito, mesmo que não precisasse pagar alguém para transar, essa odisséia fazia parte de seus planos. Tudo foi tratado de uma forma muito profissional. Numa única ligação tudo foi acertado.


Chegou mais cedo ao local marcado. Não subiu e preferiu dar mais uma volta. Atrasou propositalmente cinco minutos. Respirou fundo e tocou o interfone. Assim que ouviu o som da porta quando fechou, o motorista virou-se e a viu com todos os detalhes que as fotos não mostraram. O lugar não cheirava a sexo, como pensara. Tinha o perfume dela. Não sabia dizer se era bom ou ruim, mas o excitava. A prostituta sorriu e disse nunca ter recebido um cliente tão belo. Agarrou-o pelo pescoço e ele sentiu o cheiro doce de seu batom. Segurou suas pernas com as mãos e apoiou as costas dela contra a porta. Ela usava saia e não parecia vulgar. Uma mão pesada e masculina tocou seu ombro. O motorista desvencilhou sua boca da dela e ela encostou os pés no chão. Aos poucos ele virou seu corpo e viu seu patrão, ali, parado em sua frente vestindo uma calça jeans e com o peitoral pouco peludo a mostra. O motorista sorriu, não questionou sua presença e disse que não dividira a mulher. Mas quem disse que ‘seu patrão’ queria a mulher? (...)


A prostituta se encontrava na mesma posição que o motorista a tinha deixado. Ela segurou os dois pelas mãos e pediu pra que ficassem apenas de cueca deitados na cama. Ela lentamente começou a tirar peça por peça das roupas que vestia. A cada peça ela dava uma ordem. O motorista estava fascinado por ela, e obedecia sem questionar. Ela era sexy e segura de si. Todas as coisas funcionavam como num círculo vicioso (...).


Ele esquecera a família, os filhos e inclusive sua esposa – anos dormindo com a mesma mulher – pensou o motorista. O patrão parecia enlouquecido com sua presença e não observava a sensualidade daquela bela loira. O motorista não entendia por que ‘seu patrão’ o beijava no pescoço, alisava seus cabelos, acariciava seu corpo. Mas não reclamou, estava um clima gosto so e excitante. Para seu patrão ele era o prato principal, a prostitua apenas um subterfúgio.


Ao ler o recado, um filme da noite anterior passou pela sua mente. Desejou que aquelas horas voltassem para que pudesse reviver o prazer de ser o centro das atenções. Não há nada mais excitante!

Corpo e voz




A casa estava vazia, num silêncio empoeirado. Entre os contornos turvos da meia-luz, tateava um recanto para o corpo. Joguei as chaves, soltei o cabelo e já com os pés despidos repousei num vão entre os móveis, sobre um tapete escuro. Percebi meus lábios traçarem um sutil sorriso -- Pequenos prazeres — pensei – que ingênua delícia. O corpo frouxo se entregava ao chão sem reservas.
Enquanto o corpo repousa, a mente remonta fatos, suscita certas lembranças e por um instante revive pequenos flashes, até eles serem dissipados por aquele silêncio amarelado.
Porém, algo reage a meu corpo, um ruído seco a desviar meu olhar cego. Sei que estou sozinha, por isso num primeiro momento me rendo ao devaneio. Mas de novo vem esse timbre. Meu coração acelera—O que será isso?—Não ouso abrir os olhos, espero bem quieta.
Tento reconhecer o dono da voz, nada, minha respiração abafa os sussurros que nada falam. Meus olhos não ousam abrir, não ousam, não ousam... A voz me toca! Fico gélida, num pavor que só o impossível pode conceber. Aquele timbre vai me tocando até me despir nota a nota. Meus olhos não ousam entender, mas meu tato vai percebendo e compreendendo cada tênue roçar, cada oscilação, cada atrito tenso ou impreciso.
Ele me tem, eu tenho medo. Mas tão inebriada por minha própria pele e por aquilo que meus ouvidos teimam escutar me converto em sim. O timbre se mistura a boca, corpo e mãos. Os barulhos abafados, que se convertem em voz e respiração, comungam com ele. Sou eu, agora, também som... Ele agora também é corpo, e naquele instante despidos de mundo somos um.

Rascunho: Sem título


A menina que ventava morava no apartamento debaixo. Da janela da sala podia vê-la todas as manhãs na varanda, de sutiã e short. O sutiã guardava um nada de juventude florescente, que mal marcava a blusa. Depois eu a via saindo pelo portão do prédio, de uniforme. O perfume dela cheirava à brisa da manhã e conseguia escalar o prédio até minhas narinas.


Segunda-feira passada trabalhei até tarde e, na terça, acordei tarde demais para vê-la de sutiã na varanda. Desci para comprar o jornal e a vi na banca, uma saia esvoaçante. A menina. Bom-dia. Sorriu, levantando um vendaval de borboletas dentro de mim. Às vezes podia jurar que entre encontros provocados pelo acaso podia ver um esboço de sorriso e um brilho em seus olhos entre um bom-dia e outro.


O desejo de ter a menina. De olhar o que há debaixo do sutiã da menina. Tocar cada centímetro da pele da menina. Vento frio, arrepio.


Ontem ela passou o dia em minha casa. A mãe não sabia. A diferença de idade não era o motivo do desejo, mas confesso, só aumentava. Mas a verdade é que o que mais me fascinava na menina ventania era que ela conseguia controlar tudo, era a pressa que ela tinha para viver momentos, como se tivesse no bolso uma lista de momentos a serem vividos. Ah a menina!


Ela sentou-se no meu colo, sorrindo e deixando seu aparelho rosa a mostra. O sorriso inocente era o meu. Ela também tinha o poder de me controlar. De me refrescar feito brisa pra depois me devastar como um furacão. Encostou a cabeça nos ombros meus e me contou o seu segredo. Ela era dona de tudo. Da chuva e do vento. E podia fazer o que quisesse. Era dona. A menina, minha vizinha. Me beijou. Me abraçou. Abusou de mim de todas as maneiras possíveis.


Tinha treze anos e deitou na minha cama. Tirou o uniforme sem que eu pedisse. Os cabelos rolavam pelos ombros, como que ganhando vida própria. A menina e seus cabelos que eu via todas as manhãs, flutuando ao vento, indo para a escola.


Abriu o zíper da calça. A menina, que ainda tinha bonecas no quarto. Tudo sem que eu pedisse. As borboletas só se atiçavam mais e mais. Os pelos que nem tinha e se arrepiavam com as minhas mãos grandes de homem adulto. E eu lembrava dela no domingo, entrando no carro do tio, o vento levantando a saia. Sua calcinha branca, a mesma que usava naquele dia.


O corpo branco da menina iluminado pela luz do sol das três horas da tarde que invadia meu apartamento pela janela. O vai-e-vem. Vem, menina. Ela não falava nada, e eu tinha medo de falar alguma coisa. De fazer a menina ir embora. Apenas suspiros. De prazer, de dor, não sei. Suspiros.


E quando aquele momento de silencio acabasse? Quando a menina fosse embora? Quando ela contasse para as amigas? E se... O ritmo só acelerava. E a menina suspirava. Ela era leve, parecia feita de vento. Vento forte que me levava.


Com a cabeça sobre o meu peito, tentei ainda falar alguma coisa, mas a menina shhhiiiiii. Sorriu com os olhos. Depois se levantou, pegou a calcinha branca no chão. E no dia seguinte estava ela na varanda de novo. De sutiã, de short, com uma caneca na mão. Eu olhando pela janela, ela me viu. Apontou para o céu. Vai chover hoje. – Disse. Mas não tinha nenhuma nuvem.


E choveu. Porque ela quis. Cinco horas da tarde e a menina voltou da escola, com a roupa molhada, nem passou em casa. Subiu correndo as escadas e antes que chegasse à minha campainha eu já tinha aberto a porta.


A roupa molhada no chão da sala. Eu com minha menina no sofá. Tínhamos ainda uma hora e meia antes que a mãe dela voltasse do supermercado. E o temporal que não parava.


Primeiro,
eu entro pela sua boca;
esôfago me aperto em teu peito
em ácidos, me deito e dissolvo
e o corpo que me engole, é meu leito
segundo, mil pedaços de mim mesmo.
Resolvo que não sou mais quem eu era
e a fera, que se afoga em meu peito, é resto.
E destina rumo ao reto.
Terceiro, saio assim pela dos fundos,
"tem gente!" grita a moça apavorada.
Me encontro novamente neste mundo;
E através de ti, a nova estrada.
O quarto, é o lugar da longa ceia;
lá onde insisto em ser devorado
Em ti, além de tu, em tuas veias.
E através de ti, um novo estado.

CENA I – sexo pra fazer as pazes



Hoje pude sentir, depois de uma perfeita noite de amor, como um sono calmo e tranqüilo pode fazer bem. Pude também analisar o sono de quem eu amo, reparando em cada suspiro, em cada movimento. Tinha certeza que meu dia seria perfeito... Já tinha começado! Fomos à praia, depois a um restaurante. Programamos de sair à noite, pois adoramos dançar, encontrar os amigos... No caminho as coisas começaram a não mais ser como o envolvente dia! Discutimos antes de sair de casa, pois eu não estava com a roupa do seu gosto, mas quando encontramos os amigos as coisas mudaram e tudo voltou ao normal. Dançamos, beijamos, rimos, conversamos! O lindo casal, como todos chamavam, era naquela noite exemplo para todos... Exemplo de simplicidade, cumplicidade, relacionamental e felicidade! Esqueci de falar que bebemos muito e isso veio a prejudicar depois de um tempo.

Na hora de ir embora saí na frente direto para o estacionamento. Quase fui atropelado por um carro, que rapidamente abriu a porta e foi conferir se eu estava bem. Quando me viu, ao sair do carro, me agarrou e me beijou! Lembrava daquele gosto, daquela língua, daqueles lábios... Abri os olhos e vi! Era um ex-amor! Um passado desaparecido, e até mesmo enterrado até aquele momento! Mesmo estando fora de mim, percebi que aquilo que estava acontecendo era errado, empurrei e pedi para que parasse. Estava mais fora de si do que eu.








Já cheguei em casa brigando. Discutimos, dissemos palavras que machucam, sem pensar no sofrimento que elas poderiam causar. Do nada veio tentar me bater, eu segurei e respondi com uma bofetada! Logo percebi que errei três vezes. Primeiro, contei sobre o acontecido no estacionamento. Nem tudo o que acontece devemos contar. Segundo, fui violento. Isso é sem comentários. E terceiro, mandei com que fosse embora de minha casa! Tudo isso sem pensar nas conseqüências! Chorei muito, muito, muito... Senti muito a sua falta! Até que um dia apareceu para pegar as suas coisas e quando abri a porta, instantaneamente uma lágrima correu. Agarrei e dei-lhe um beijo! O melhor de todos dado até hoje! O melhor sexo feito! Tudo com vontade, com amor, sentimento e tesão. O sexo pra fazer as pazes é o melhor que tem. A entrega é total!