A visão dos problemas

Eu abro os olhos mas não vejo nada. Giro meu corpo a procura de alguma imagem, mas só consigo enxergar a escuridão. Não importa o quanto eu pisque, ou quanto eu esfregue os meus olhos... Eu não consigo ver! Volto a me deitar, e assim que apóio minha cabeça no travesseiro, eu sinto uma lágrima escorrer. Não posso ver, mas ainda posso chorar.
A porta do quarto se abre, fico em silêncio. Você acaricia meu rosto e beija minha testa - que beijo doce. Você nota minhas lágrimas e suavemente sussurra em meu ouvido:
- Estou ao seu lado meu amor!
Meu Deus, como aquelas palavras me tocaram. No mesmo instante eu abri meus olhos, e mesmo sem ver eu sorri.
Espantada, e ao mesmo tempo feliz, você me abraçou e agradeceu por eu estar acordado.
Acariciei o seu rosto e disse:
- Eu daria a minha vida para ver o seu sorriso mais uma vez!
Mas você delicadamente cobre meus lábios com um beijo, e em seguida, responde:
- E eu daria o meu sorriso para que não perdesse a vida...
Naquele dia, percebi que eu não precisava enxergar. Pois eu tinha a certeza de que a pessoa que eu precisava, estava ao meu lado me abraçando, me mostrando que podemos viver e que podemos sorrir... Mesmo tendo problemas, e mesmo sem enxergarmos os problemas, nós podemos ser felizes.

O Timbre
















Os lábios agora quase disseram. Nem ódio ou mágoa, apenas um grande vazio nos corredores. E a imaginação tão real perseguia seu cheiro na tentativa de dispersar saudades.
Os dias explodindo em cada fresta torturando em protesto a latente vontade de desistir.
A fé devia estar escondida em algum canto do quarto. Percebia uma inevitável volta, insatisfeita e faminta.
Entre nós, cada um em uma parte de existência da qual não se compreende. E assim mesmo, o que mais fazia falta era sentir o corpo estremecido com a vibração de sua voz.
Teu timbre era uma aula. Entranhado em cada poro meu.
A garganta queimando enquanto vivo em muitos lugares na tentativa de parar o que não termina por dentro. Descobrindo que não há verdade além do estraçalhado aqui e lá.
E o fantasma ainda sussurrando em delírio no corredor. A voz distante marcada avulsa. Projetando uma simplicidade que dói. Nossas conversas entrecortadas e mais uma vez desconhecidas.
Ao longo da noite, extremos que estranhamente me recordo. E se você não compreendesse o que escrevo, esconderia sob os lençóis o desejo pintado por todo o corpo. E então saberia.
Se fosse pra exprimir a verdade maior de dentro do peito, veria que todos estão tão perdidos quanto nós.
Estou humana, mastigo nossas sementes para que a lembrança permaneça.

Pegando no ar!

Sentado aqui, ali, ou até mesmo do lado de lá. Não importa onde o nosso traseiro esteja repousando, é incrível como podemos absorver conhecimentos e informações.
Nossa mente, mesmo depois de um dia cheio, que nos faz voltar para casa cansados e esgotados, pensando apenas em tomar um banho gelado e cair na cama, ainda é capaz de estar pronta, a ponto de bala, eu diria, para absorver informação e conhecimento.

Nosso HD mental é infindável e incansável. É claro que nossa mente, em alguns momentos se esgota e nossos pensamentos se fecham para tudo e todos. Mas, só se quisermos. Caso contrário, nossa mente vai absorver informação de uma forma absurda, como se fosse um verme faminto, engulindo tudo que vê pela frente.

Estou aqui, ali e até mesmo do lado de lá. Estou longe de casa, cansado e pensando em milhões de coisas. Mas basta olhar para o lado, ou apenas escutar uma outra pessoa falando e estarei aprendendo coisas das quais nem mesmo sonhei.

Não importa o lugar, não importa como... O que importa é que a informação circula no ar, só precisamos aprender a inspirá-la... Consumi-la.