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Cuidado com o que você divulga




Novamente mais um namoro acabou. Este foi um pouco difícil para terminar, mas como sou muito eficiente, consegui encontrar um grande motivo para acabar de vez com todo este sentimento ridículo, mesquinho, sofredor. Eu diria que o amor é uma droga que vicia, que pode matar e te faz envelhecer quando não correspondido. Fico muito contente quando presencio uma cena de término de namoro. Eu atuo no combate ao amor. Mas deixa eu te contar como eu fiz para destruir com este namoro que tinha tudo para dar certo.

Tudo começou com uma ardente paixão. A paixão não me interessa porque em algum momento ela acaba. O que me mata de ódio é que alguns casais conseguem transformar esta ardente paixão em amor. E este casal conseguiu.

Passaram-se três meses e as minhas tentativas foram todas frustradas. Percebi que um era ciumento e fiz o ciúme dele aumentar. Coloquei coisas na cabeça dele que nunca aconteceriam. O outro tinha receio de que sua família descobrisse que aquela amizade não era tão simples como demonstrava. Partir para cima com tudo. Criei várias possibilidades de cenas de ciúme e de que a família soubesse da verdade. Consegui apenas algumas discussões, briguinhas bobas. Conseguiram contornar todas as situações que eu criei até então.

Você sabe que as palavras são extremamente eficazes na destruição de um namoro. Elas não se cicatrizam com facilidade. Machucam com extrema profundidade. Algumas nunca são esquecidas. E foi esta tática que utilizei para intervir no crescimento deste sentimento tão nobre. Deixei com que se conhecessem melhor para criarem intimidade. Criei situações para que um pudesse demonstrar ao outro seu caráter, sua entrega, sua confiança e seriedade. Então permiti que os dois se conhecessem intensamente.

Desgracei com a vida deles. A intimidade é muito boa quando é usada para a bondade, mas é melhor ainda quando a utilizo para a maldade. As discussões se intensificaram, o seu teor ficou mais sincero. A cada discussão armas mais potentes eram utilizadas e as ofensas eram destiladas como veneno. Um relacionamento que era tão completo e seguro em sua formação, estava cheio de emendas, de pedidos de desculpas e reinícios. Mas estava difícil reiniciar ou perdoar quando não tinham a solução para cicatrizar as feridas causadas pelas palavras lançadas.

Cavaram um buraco e esqueceram de pensar numa maneira para sair dele. E foi neste momento que eu obtive sucesso. Fui lá e dei minha cartada final. O sentimento que unia os dois não era mais visível. Ali só existia rancor, o que me deixou com um largo sorriso. Foi difícil, mas sou profissional e tenho todas as habilidades para concluir uma tarefa com êxito. Foi quase um ano de luta para conseguir esta façanha. Um ano perdido para eles. E será tempo perdido para o tolo que ousar experimentar tal sentimento. Pois toda vez que eu sentir o cheiro nauseante deste sentimento que evito citar o nome, eu estarei lá.

Você quer saber quem sou eu? Sou a inveja que as pessoas sentem ao ver a felicidade dos outros. Sou a inveja que seus “amigos” sentem quando você está radiante, realizado. Sou a inveja que vem da sua família quando percebe que você é correspondido sentimentalmente por alguém. Sou sempre a inveja, independente de onde vem. Instalo-me em quem me der brecha e uso quem quer que seja para alcançar tanto o mais alto como o ínfimo objetivo que traço.

Vale lembrar que sou atraída por você. Você é quem divulga sua felicidade, faz propaganda da sua fraqueza, do seu sonho realizado, do seu amor conquistado. Depois eu vejo você chorar e dizer não saber como isso tudo aconteceu. Esta parte me emociona, pois vejo como sou discreta, sempre despercebida. Cuidado alguém muito perto de você pode me dar brecha e logo não me responsabilizo por meus atos.

Eu





sou muitas coisas ...
solto pérolas pelo ar ...
alguns amigos adoram catar pra divulgar ...

adoro ler, escrever, me comunicar
não vivo sem música, é o meu ar
não conto piadas, mas faço palhaçadas
não sou de chorar
se quiser rir fale comigo
a melhor coisa é me ter como amigo

tento ser menos aventureiro
tenho que parar de me arriscar
não gosto do silêncio
sempre penso em mudar

não tenho vergonha de mim
me mostro sexy, sujo, doido
tenho muitas teses
crio as sem pensar

sou como as ondas do mar, na sobriedade
sempre a mesma coisa, estável
sou como as nuvens no ar, na cachaça
mudo a cada olhar

sou esta merda de pessoa
merda pra você, bosta!

A Confissão


No carro, voltando para casa, ele jurava para si mesmo: De hoje não pode passar. Fazia tempo que queria contar tudo para ela, mas tinha medo. Medo não só da reação dela, mas medo de si mesmo, medo de ficar sozinho.


Na primeira vez, prometeu para si mesmo que não aconteceria de novo. Foi só uma experiência, uma aventura, parte da crise de meia-idade. Mas lá estava ele de novo voltando de mais um encontro noturno secreto. E em casa a mulher a quem um dia prometeu fidelidade o esperava.


Deixar a esposa estava fora de questão, implicaria deixar todo um estilo de vida, do qual ele até gostava. Não poderia deixar aquele bairro, aquela casa, seus amigos casados e o futebol de domingo, as conversas sobre como filhos dão trabalho, levar os filhos na escola, não poderia perder o beijo de boa noite de seu caçula. Mas existia esse sentimento que o corroia por dentro e que fazia com que tivesse raiva ao olhar para sua mulher. Como ela não percebia que algo havia mudado? Como viver com esse peso de ser o vilão da história? Como deixar de amar minha esposa?


Chegou em casa e, enquanto a esposa estava na cozinha, o filho mais velho estava na sala ao telefone. “Desliga você primeiro.” Jovens e suas juras de amor eterno. – Pensou. Como era boa essa época em que se prometia para a namorada nadar todo um oceano só para ficar com ela. E agora ele se via ali, incapaz de não trair. Porque tudo o que precisava fazer era não trair, não olhar para a secretária no escritório nem para as meninas de biquíni na praia, não beber tanto, não dar ouvidos a amigos machistas, cumprir seu juramento. Agora era tão difícil. Deu um beijo na bochecha dela e foi tomar banho.


A água fria caía e ele continuava a jurar para si mesmo que tudo acabaria hoje. Contaria toda a verdade e depois imploraria por perdão. O importante era tirar aquele peso da consciência. Sentia a cabeça pesada, um pouco tonto. Quase tremia de tanto medo. E se ela não perdoasse? E se ela o mandasse embora na mesma noite? E se ele perdesse todos aqueles anos de casamento feliz? E pensava em milhões de castigos físicos que poderiam ser melhores que isso. E concluía: Ela me ama, me perdoa.


Sua única certeza era do amor, não só dela por ele, mas também dele por ela. E, se não fosse o amor, não estaria querendo contar a verdade. Se não fosse o amor, continuaria mentindo. E, se não fosse o amor, mesmo que ela desconfiasse ou até que descobrisse, negaria tudo. Mas o amor estava lá. E ele confessaria.


Quando saiu do banheiro, o filho já tinha deixado o telefone e ido dormir, e a mulher apagava a luz da cozinha e se dirigia para o quarto. Era agora. Deitou-se ao lado dela. Abraçou-a, beijou seu ombro. Suspirou fundo, ia falar.


- Querido, eu sei. – Ela disse.


E foi então que ele percebeu que ela também tinha medo.

Diga a eles, Zezé


Doutor, eles estão em toda parte.

Estão à porta, ao telefone e tudo mais.

Não param de perguntar!

O que digo?

O senhor confessará?


Diga assim Zezé:

As coisas estão mudadas.

As coisas estão um pouco diferentes.

As coisas ainda vão mudar mais.


Grifa isso de mudar mais, Doutor?

Grifa.

Continua?


Continua:

As coisas, definitivamente, não são

Mais as mesmas.

Diga mais:

Não pretendo conseguir a maioria.

Não pretendo ser acolhido.

Não pretendo o combate.

Pretendo o “serlivre”.

Pretendo ceder ao trocadilho.

Pretendo fazer de espinhos,

Um buquê.

Agora, você vai dar detalhes:

Acordei tarde, tive pesadelos,

Senti medo e fome.

È melhor não dar detalhes, Zezé.


Sim doutor.


Faça o seguinte, não dê detalhes.

Pergunte:

O que acham que há de ser?


Mas será que o Senhor há de gostar das

Respostas?


Diga a eles que não me importo.

Diga a eles que pode ser só fagulha

Diga a todos, todos eles, que já é farta a caminhada.

E repita a eles que confessarei.

Porém não ouse dizer, que penso em hesitar.

Não vá mencionar, o lacrimejar de minhas pálpebras.

Não vá falar da vontade de voltar atrás.

Não diga que sou fraco.

Não quero parecer fraco.

Não sou fraco.

De definitivo, não sou como sou EU.

E pare por aí.

Se perguntarem algo mais,

Diga-os que sumam.


Tudo bem, assine aqui doutor.