Me dei conta que poderia viver perfeitamente bem sem sexo. Perfeitamente? Não que não sinta falta, até sinto. A falta é o meu mal maior. Sinto falta até de dor, às vezes. Mas a verdade é que, se pudesse, trepava todo dia. Estaria trepando agora se ela estivesse aqui. Ela fala “fazer amor”, mas eu acho isso uma palhaçada. Tudo bem que até pode servir para colorir um pouco a coisa toda e a cena de nós duas ali peladas em cima de uma cama suja de motel barato não parecer uma simples trepada de sábado a noite. Aliás a única coisa que ela sabe fazer é colorir.
Colorir até é legal. As coisas coloridas são sempre mais bonitas. O mal é que o colorido dela às vezes fica meio borrado. Dá vontade de apagar. Bebo vinho para passar uma borracha nas coisas. O mal é a dor de cabeça no dia seguinte deixando tudo ao redor num tom cinza meio morto.
Ando achando que desaprendi a viver sozinha. Quando me vejo sozinha decoro um poema ou canto uma música mentalmente. Mas agora para apagar um pouco essa solidão eu pensava nela. Se bem que não sei ao certo se pensava nela para não sentir a solidão ou se pensava porque não conseguia não pensar.
A gente nunca fica só, só sentindo solidão. Sempre tem alguma coisa para pensar, um pensamento para acompanhar a gente. Sempre tem um problema atormentando. Ou uma lembrança boa que surge sem pedir licença. Não consigo separar pensamento de sentimento. Acho isso um defeito. Pensar demais, às vezes, me deixa opaca.
Acho que cochilei sem me dar conta disso. Acordei e não pensava em mais nada. Lembrei de uma música da Legião Urbana. Sempre que pensava em solidão me lembrava dela. Depois me lembrei do jingle de um comercial qualquer. E o jingle dominou minha mente como uma droga. Droga de musiquinha que gruda na cabeça!
Às vezes sentia necessidade de fazer ausência. Por isso descartava coisas e pessoas facilmente. Gostar e desgostar para mim era quase um passa-tempo. Era não, sempre foi e ainda é. Isso para mim sempre foi fazer ausência, nunca soube chamar de outra coisa. Fazer ausência é deixar-se parede descascada, precisando de tinta. Fazer ausência não precisa ser ausentar-se dos outros, não simplesmente fazer-se ausente para os outros. Fazer ausência é se esvaziar de amor. Às vezes até de amor próprio, quando não sobra mais amor a nada. O que eu queria mesmo era alcançar era o estado de presença. Nunca fui presente: imediata, ativa, pessoa momentânea. Nunca.
De uns dias para cá, me senti bege. Bege é cor de gente séria, gente racional, gente que coloca coisas em ordem. Gente que pesquisa o significado das palavras no dicionário, mas não consegue sentir o sabor delas. O bege não tem gosto de nada. Senti falta de um amarelo sol. De um vermelho sangue, um azul borboleta, um preto tesão. Do branco do sutiã dela. Me dá um giz de cera, por favor. Pega essa merda de aquarela pra mim!
A solidão me consome em bege. Cor feia da porra! Resolvi ligar para ela. Disquei o número, mas percebi de repente que só precisava de um lápis de cor.
Colorir até é legal. As coisas coloridas são sempre mais bonitas. O mal é que o colorido dela às vezes fica meio borrado. Dá vontade de apagar. Bebo vinho para passar uma borracha nas coisas. O mal é a dor de cabeça no dia seguinte deixando tudo ao redor num tom cinza meio morto.
Ando achando que desaprendi a viver sozinha. Quando me vejo sozinha decoro um poema ou canto uma música mentalmente. Mas agora para apagar um pouco essa solidão eu pensava nela. Se bem que não sei ao certo se pensava nela para não sentir a solidão ou se pensava porque não conseguia não pensar.
A gente nunca fica só, só sentindo solidão. Sempre tem alguma coisa para pensar, um pensamento para acompanhar a gente. Sempre tem um problema atormentando. Ou uma lembrança boa que surge sem pedir licença. Não consigo separar pensamento de sentimento. Acho isso um defeito. Pensar demais, às vezes, me deixa opaca.
Acho que cochilei sem me dar conta disso. Acordei e não pensava em mais nada. Lembrei de uma música da Legião Urbana. Sempre que pensava em solidão me lembrava dela. Depois me lembrei do jingle de um comercial qualquer. E o jingle dominou minha mente como uma droga. Droga de musiquinha que gruda na cabeça!
Às vezes sentia necessidade de fazer ausência. Por isso descartava coisas e pessoas facilmente. Gostar e desgostar para mim era quase um passa-tempo. Era não, sempre foi e ainda é. Isso para mim sempre foi fazer ausência, nunca soube chamar de outra coisa. Fazer ausência é deixar-se parede descascada, precisando de tinta. Fazer ausência não precisa ser ausentar-se dos outros, não simplesmente fazer-se ausente para os outros. Fazer ausência é se esvaziar de amor. Às vezes até de amor próprio, quando não sobra mais amor a nada. O que eu queria mesmo era alcançar era o estado de presença. Nunca fui presente: imediata, ativa, pessoa momentânea. Nunca.
De uns dias para cá, me senti bege. Bege é cor de gente séria, gente racional, gente que coloca coisas em ordem. Gente que pesquisa o significado das palavras no dicionário, mas não consegue sentir o sabor delas. O bege não tem gosto de nada. Senti falta de um amarelo sol. De um vermelho sangue, um azul borboleta, um preto tesão. Do branco do sutiã dela. Me dá um giz de cera, por favor. Pega essa merda de aquarela pra mim!
A solidão me consome em bege. Cor feia da porra! Resolvi ligar para ela. Disquei o número, mas percebi de repente que só precisava de um lápis de cor.
3 Recados:
A saudade é uma coisa que todos nós já sentimos... É fácil se identificar com algum comportamento que escreveu... Qualquer coisa nos aborrece!
"Droga de musiquinha que gruda na cabeça!"
Muito natural, direto, sincero!
Muito bom!
Do caralho o que vc escreveu!!!
Você segue o fluxo do pensamento muito bem. Parabéns!
Nossa... muito lésbico este texto... hahahhaaha... mas é incrível... amei conhecer as suas cores... rs!
Postar um comentário