Seus olhos

Suas doces palavras alfinetavam minha cabeça. Eu tentava pensar em uma coisa, mas elas me conduziam para outro lugar.
Fui transportado para lembranças que já estavam esquecidas. Momentos que haviam se apagado da minha memória.
O sorriso em seu rosto era como uma apunhalada nas costas, contrariando tudo o que eu estava tentando sentir. Ele dava forças às suas palavras, trazendo-me conforto e serenidade.
Sua pequena mão segurava a minha com firmeza e segurança. Era eu quem precisava do conforto. Como podia uma pequena criança trazer tanta sabedoria e tranqüilidade? Como poderia eu, comportar-me como se fosse indefeso diante dela?
Suas palavras conduziam-me ao lugar mais tranqüilo da face da terra, dizendo-me que tudo ia ficar bem. Aquele seu sorriso confirmava o que dizia, era impossível não acreditar.
Mas seus olhos, havia algo em seus olhos.
Somente quando eles se fecharam, quando a força de sua mão ao redor da minha diminuiu e o sopro de vida deu o último suspiro em seu peito, é que percebi que você mentia. Percebi que as coisas não ficariam bem.
Foi quando perdi minha filha que eu descobri que a boca e o corpo podem mentir, mas os olhos não.

3 Recados:

M. D. Amado disse...

Depois eu que não sei brincar né?

Curto e sensacional. Gostoso de ler.

Valeu Léo!

Liza disse...

bonito e diferente do seu estilo.

gostei

8)

Davi Leitão disse...

Muito bom Leonardo, curto mas significativo.