The bridges you’ve burnt along the way



Começou com uma ambição. Cobiça. Necessidade de ter o que não tinha. Viagens a Europa. Jantares de negócios. Carro do ano. Pensão gorda do ex-marido. Caviar. Sexo com o chefe. Apartamento de frente para a praia. Férias em Búzios. Celular. Aliança de ouro. Prada e Dolce & Gabana. Vida de sonho.


Ninguém esperando-a em casa. Até o cachorro desistiu de lhe pedir atenção. Economizava tanto o tempo, que ele passou a comê-la viva. Relatório para segunda. Dois anos sem namorado. Divórcio. Continuava adiando o sonho de ter filhos. Sem ninguém para lhe perguntar como foi seu dia. Deixou de ser sensual há muito tempo. Agora só valia o que vendia. E vendia tudo o que podia. Existência de vácuo.


Quando chega a noite, tira suas jóias, seu sapato italiano, tira o sorriso falso do rosto, limpa a maquiagem, despe-se de suas roupas elegantes e fica totalmente crua diante do espelho. Felicidade removível.

Quanto custa uma lágrima?

Eudaimonia




A felicidade pode ser várias coisas, e coisas diferentes para cada pessoa.

O cara senta no sofá, come pipoca no copo de café, lava os rosto com bombril e vai até a rua comprar jornal, mas só se for a parte da tv, já se aborreceu várias vezes com o homem do balcão, não curte esportes e pra ser grosso e sincero ta cagando pro que rola lá fora...
O cara não tem um prato limpo em casa, e as roupas tão cheirando naftalina.

O cara levanta da cama de um pulo só, dá bom dia aos passarinhos,insetos e vizinhos, e toma suco de goiaba sem agrotóxicos. Toma um banho de ervas e vai até o mercado abastecer a dispensa.
O cara é metódico e cheira a talco.

A “mulé” é herdeira de uma puta herança é a reencarnação da madre Tereza. Vive a fazer trabalhos voluntários, das jóias que tem, só guarda o colar de sua falecida mãe como lembrança, de resto é sandália rasteira no pé pra agüentar as caminhadas rumo aos necessitados.

A “mulé” é lascada, e tem um rei na barriga, conhece todas as marcas de roupas e sapatos, e mesmo assim não sabe quanto custa um pacote de arroz. A última vez que fez alguma coisa por alguém ela tinha seis anos e foi forçada por sua mãe. A barriga ronca... mas os pés calçam aquele sapato idêntico ao de Valentim!

Os dois homens chamam-se Ernesto e não são opostos que vivem em lugares diferentes, são opostos que vivem dentro do mesmo espaço de corpo humano, pois Ernesto que cheira naftalina e Ernesto que cheira a talco são a mesma pessoa. O mesmo se dá com as duas mulheres: Duas Fernandas dentro da mesma.

Do confronto diário, brotando o descontrole de si, eles desfrutam da oscilação de certo e errado,simples e prepotente,ausência do triste e ausência do feliz,da euforia a depressão, da contradição a certeza.
E são felizes e miseráveis...são deuses cheios de si e humanos.
Das dúvidas que tem é instintivo saber que a sensação de felicidade brota quando fazem-se ingênuos e desbravadores de tudo quanto fosse singelo ou óbvio.
Das certezas que jamais chegarão a carregar o que ficam são sensações...momentos pelos quais nos tornamos responsáveis e que nos remetem ao gostinho de felicidade.

Em busca da terra do nunca


No que devemos acreditar?
Acredito no sonho realizado,
Nas promessas cumpridas,
Numa vida feliz.

Acredito no ar mais puro,
No olhar menos crítico,
No coração verdadeiro,
Na vida mais simples.

Acredito nas palavras sinceras,
Na amizade distante,
No reino mais justo,
Que a vida é bela.

Acredito no amor incondicional,
Na viagem perfeita,
Nas boas notícias,
Na inocência do pré-julgado.

Acredito nas boas intenções,
Que as aparências nunca enganam,
Que o céu é azul
E acredito na terra do nunca.

O segredo da menina


O segredo era esse. Só que ele é tão óbvio que ninguém enxerga. Mas ela conseguia ver até o que não estava. Se não estava aqui, estava lá, e ela via. Se não estava agora, já esteve, ou vai estar, e ela via. Não precisava nem da existência. Gostava de passar o tempo debatendo consigo mesma.


Não gostava de felicidade montada. Casamentos cheios de pompa. Sorriso forçado em foto de família. E ser feliz por acaso pede cerimônia? Gostava era das coisas pequenas. As coisas aqui. Das coisas ali já estava farta. Achava graça de quem precisava ter o que não tinha. Ela era assim. A menina. A menina que ainda mulher era menina. Porque vivia um estado permanente de infância. Uma menina de proporções maiores. Ela era poderosa. Mas não poderosa de sábia ou poderosa de rica. Era poderosa de si mesma. Quase ninguém consegue ser.


As flores se abrindo. Cada verde, cada rosa, as formiguinhas que se mexiam no jardim. Pessoa semente. O sorriso da mulher grávida alisando seu barrigão. Dois corações em ritmo de bossa-nova. O cachorro que pula o mais alto que pode só para dizer olá para o dono. Para a melhor recepção, o melhor anfitrião. O sabor do chocolate derretendo na boca. A risada da melhor amiga no telefone. A piada que ninguém mais entende. Só de saber que pode escrever poemas com a dança. Os livros que já leu. Os livros que ainda não leu, organizados em ordem de espera. A cadelinha chacoalhando o pêlo molhado após o banho. A água que respinga deixa roupa, cabelo, tudo encharcado. O vento da praia batendo forte no rosto. Cheiro de protetor solar. Os olhares trocados num sábado a noite. O frio na barriga. O presente que ganhou no natal, depois de ter passado o ano inteiro sonhando com ele. O cafezinho da tarde na casa da tia. Tia mãe. O abraço assassino da saudade. Matador contratado, pago com adiantamento, não aceita cheque pré-datado. Os pés quando tocam o chão gelado. Era mais que o bastante.

Rigor Mortis




Morte em vida já o era
Infeliz partida solitária
Da casa velha de móveis avermelhados
Ausentou-se de si a pequenina
Covarde é não partir pra ver como é...
Foi-se sem deixar recomendações
Decompôs sua essência perturbada
Decompôs seu corpo jovial

Descompasso e abandono daquele que fez-se ternura
Tomaram dois minutos talvez, latejar de todo pensar conquistado
Cessa ar, fôlego da vida
Partem células
Caminha o sangue, somos todos brancos
Rigor mortis de sua antiga fortaleza
Algor mortis de seu falecido desejo
Exala final, expele descomeço
Gusanos aliados de tua ausência
Abandono de teus cabelos loiros
Arranca esses olhos cinzas
Sugam a pele branca
Banquete da antiga fartura

Não a acolheram anjos
Não a importunaram demônios
Era maracatu do Seol
Era o nada inexistencial
Completo vazio a preencher o silêncio

Parto de partidas suicidas
Era rua Men de Sá 380
Coagiram a morte em goles
Masturbou toda putrefação
As pálpebras cerradas frustram expectativas
Amparou-se frente a despedida cotidiana
Enterrou mágoas
Ressurgiu recomeço
Feto de novo ciclo
Da próxima vez serei outra.

Clara



Subiu o primeiro degrau, o segundo. O vento bateu em seus fios dourados. Lá de cima Clara via as luzes da cidade. Como eram lindas! Imaginava o que as pessoas faziam com suas luzes naquele instante. A família se entretendo com a trama colorida da novela. Um grupo de jovens bebendo cerveja no bar de lustres antigos. O casal apaixonado num jantar a luz de velas. Pessoas dançando sob a luz fluorescente da discoteca. O homem de terno trancado em seu escritório com a luz azul do computador refletindo em seu rosto. Do alto do prédio, Clara podia ver todos eles. Todos aproveitando suas vidas, suas luzes. Tantas luzes!

Se lembrava de tudo o que a fez chegar até ali. Às vezes se sentia como um rato de laboratório correndo em sua roda incansavelmente. Corria e corria em direção a coisa alguma. Às vezes se sentia num reality show, assistida vinte e quatro horas por dia e sendo julgada cruelmente a cada coisa boa ou ruim que fazia. As coisas ruins sempre pesavam mais. Por mais que Clara fosse uma menina bonita, não tinha brilho próprio. Sempre a comparavam com alguém, uma atriz holliwoodiana, uma cantora de mpb. Ela montava e desmontava sonhos como brinquedos. Não levava seus namoricos a sério. Não sentia saudades de quem partia. Não conseguia ver sentido nas coisas. Nunca sentiu medo. Clara era triste a vida inteira.

Ela respirou fundo, soltou o ar. Estava certa do que faria. Até que o medo subiu frio pela espinha. Pela primeira vez, a vertigem. Um passo a mais e Clara apagaria a sua luz para sempre. Os táxis passavam com seus faróis altos. Uma lágrima brilhante escorria no rosto de Clara. Se sentiu tonta. Sabia que poderia cair dali de repente. Era uma sensação nunca experimentada. Clara se sentiu fora de sua jaula pela primeira vez.

Agora ali vendo de camarote todas as luzes da cidade, as luzes das pessoas, vendo a faísca que os carros faziam quando passavam em alta velocidade. A um passo do chão e do fim. Clara sentia o vento levando seus pedaços embora. Era pela primeira vez Clara.

Abriu os braços. Fechou os olhos. Levantou a perna direita, pronta para dar o passo final. Sentiu uma mão macia segurando sua mão. Esqueceu por um momento o que ia fazer e olhou para trás. Os olhos castanhos claros que lhe diziam para não pular. Olhos que brilhavam mais forte que o desejo de fim. E Clara encontrou a luz que procurava.

Dança e Voz


Tentava expressar o sentir sem palavras. Sintonizar o ritmo de fora com o ritmo de dentro. Fazendo o coração bombear acompanhando a melodia cantada no rádio. Deixar os pés fazerem sua mágica. Agarrar o ar. Cantar e não se ouvir. O movimento do corpo cantando mais alto. Tocar o céu e descer até o chão. Viver o estado de tudo. As pernas por mais que doam não param. Ser invencível. Dançar o silêncio do mundo com a melodia que corre nas veias. Cada suor uma nota.

Dizer com o rebolar da cintura o que não se diz com a boca. Inventar um novo universo. Resgatar uma vida passada. Se sentir mais leve que o som. Ser surdo e mudo. Uma língua estrangeira. Se comunicar com aquilo que sempre existiu calado no dentro. E esquecer. Destruir o ontem num passo para a esquerda. Apagar o amanhã rodopiando para a direita. Girar e girar.

Tocar mundos distantes com os braços. Os cabelos balançam em ritmo próprio. Ignorar a multidão ao redor. Pessoas convergidas em energia. Sentir a luz do refletor brilhando dentro de você. Experimentar o estado de pássaro. Entrar em transe de deus. Se sentir nu e outro.

Minha voz, minha dança.

Cuidado com o que você divulga




Novamente mais um namoro acabou. Este foi um pouco difícil para terminar, mas como sou muito eficiente, consegui encontrar um grande motivo para acabar de vez com todo este sentimento ridículo, mesquinho, sofredor. Eu diria que o amor é uma droga que vicia, que pode matar e te faz envelhecer quando não correspondido. Fico muito contente quando presencio uma cena de término de namoro. Eu atuo no combate ao amor. Mas deixa eu te contar como eu fiz para destruir com este namoro que tinha tudo para dar certo.

Tudo começou com uma ardente paixão. A paixão não me interessa porque em algum momento ela acaba. O que me mata de ódio é que alguns casais conseguem transformar esta ardente paixão em amor. E este casal conseguiu.

Passaram-se três meses e as minhas tentativas foram todas frustradas. Percebi que um era ciumento e fiz o ciúme dele aumentar. Coloquei coisas na cabeça dele que nunca aconteceriam. O outro tinha receio de que sua família descobrisse que aquela amizade não era tão simples como demonstrava. Partir para cima com tudo. Criei várias possibilidades de cenas de ciúme e de que a família soubesse da verdade. Consegui apenas algumas discussões, briguinhas bobas. Conseguiram contornar todas as situações que eu criei até então.

Você sabe que as palavras são extremamente eficazes na destruição de um namoro. Elas não se cicatrizam com facilidade. Machucam com extrema profundidade. Algumas nunca são esquecidas. E foi esta tática que utilizei para intervir no crescimento deste sentimento tão nobre. Deixei com que se conhecessem melhor para criarem intimidade. Criei situações para que um pudesse demonstrar ao outro seu caráter, sua entrega, sua confiança e seriedade. Então permiti que os dois se conhecessem intensamente.

Desgracei com a vida deles. A intimidade é muito boa quando é usada para a bondade, mas é melhor ainda quando a utilizo para a maldade. As discussões se intensificaram, o seu teor ficou mais sincero. A cada discussão armas mais potentes eram utilizadas e as ofensas eram destiladas como veneno. Um relacionamento que era tão completo e seguro em sua formação, estava cheio de emendas, de pedidos de desculpas e reinícios. Mas estava difícil reiniciar ou perdoar quando não tinham a solução para cicatrizar as feridas causadas pelas palavras lançadas.

Cavaram um buraco e esqueceram de pensar numa maneira para sair dele. E foi neste momento que eu obtive sucesso. Fui lá e dei minha cartada final. O sentimento que unia os dois não era mais visível. Ali só existia rancor, o que me deixou com um largo sorriso. Foi difícil, mas sou profissional e tenho todas as habilidades para concluir uma tarefa com êxito. Foi quase um ano de luta para conseguir esta façanha. Um ano perdido para eles. E será tempo perdido para o tolo que ousar experimentar tal sentimento. Pois toda vez que eu sentir o cheiro nauseante deste sentimento que evito citar o nome, eu estarei lá.

Você quer saber quem sou eu? Sou a inveja que as pessoas sentem ao ver a felicidade dos outros. Sou a inveja que seus “amigos” sentem quando você está radiante, realizado. Sou a inveja que vem da sua família quando percebe que você é correspondido sentimentalmente por alguém. Sou sempre a inveja, independente de onde vem. Instalo-me em quem me der brecha e uso quem quer que seja para alcançar tanto o mais alto como o ínfimo objetivo que traço.

Vale lembrar que sou atraída por você. Você é quem divulga sua felicidade, faz propaganda da sua fraqueza, do seu sonho realizado, do seu amor conquistado. Depois eu vejo você chorar e dizer não saber como isso tudo aconteceu. Esta parte me emociona, pois vejo como sou discreta, sempre despercebida. Cuidado alguém muito perto de você pode me dar brecha e logo não me responsabilizo por meus atos.

Vento Ventania


A menina que ventava morava no apartamento debaixo. Da janela da sala eu podia vê-la todas as manhãs na varanda, de sutiã e short, tomando café e olhando para a rua, para o céu, para o nada. O sutiã guardava um nada de juventude florescente, que mal marcava a blusa, mas capaz de mexer comigo mais que os seios fartos de mulheres nuas em capa de revista. Alguns minutos mais tarde eu a via saindo pelo portão do prédio, usando o uniforme da escola e um perfume, que cheirava à brisa da manhã e conseguia escalar o prédio até minhas narinas, atiçando uma brasa dentro de mim até levantar o fogo que ardia pelo esôfago.

Segunda-feira passada trabalhei até tarde e, na terça, acordei tarde demais para vê-la de sutiã na varanda. Desci para comprar o jornal e a vi na banca, uma saia esvoaçante. A menina. Bom-dia. Respondeu com o sorriso que levantou um vendaval de borboletas dentro de mim. Às vezes podia jurar que nesses encontros do acaso, entre um bom-dia e outro, podia ver um esboço de malícia e um brilho em seus olhos.

Ela na varanda, esses encontros, o desejo de ter a menina. A risadinha que sempre acompanhava o meu nome quando saia de sua boca. O desejo de olhar debaixo do sutiã da menina. Tocar cada centímetro da pele da menina. Medo e vontade, vento frio, arrepio.

Ontem ela passou o dia em minha casa. A mãe não sabia. A diferença de idade não era o motivo do desejo, mas confesso, só aumentava. Mas a verdade é que o que mais me fascinava na menina ventania era que ela conseguia controlar tudo, era a pressa que ela tinha para viver momentos, como se tivesse no bolso uma lista de momentos a serem vividos. E ela realmente tinha. Sonhar era muito pouco para ela. Ela me ensinou que a vontade soprava mais forte que o sonho.

Ela sentou-se no meu colo, sorrindo, mas o sorriso inocente era o meu. Ela também tinha o poder de me controlar. De me refrescar feito brisa para depois me devastar como um furacão. Encostou a cabeça nos meus ombros e me contou o seu segredo. Ela era dona de tudo. Da chuva e do vento. E podia fazer o que quisesse. Era dona. A menina, minha vizinha. Me beijou. Me abraçou. Abusou de mim de todas as maneiras possíveis.

Tinha treze anos e deitou na minha cama. Tirou o uniforme sem que eu pedisse. Os cabelos rolavam pelos ombros, como se ganhassem vida própria. A menina e seus cabelos que eu via todas as manhãs, flutuando ao vento, indo para a escola. Abriu o zíper da calça. A menina, que ainda tinha bonecas no quarto. Tudo sem que eu pedisse. As borboletas só se atiçavam mais e mais, ameaçando sair pela boca a qualquer momento. Os pêlos que nem tinha se arrepiavam com as minhas mãos grandes de homem adulto. E eu lembrava dela no domingo, entrando no carro do tio, o vento levantando a saia. Sua calcinha branca, a mesma que usava naquele dia.

O corpo branco da menina iluminado pela luz do sol das três horas da tarde que invadia meu apartamento pela janela. O vai-e-vem. Vem, menina. Ela não falava nada, e eu tinha medo de falar alguma coisa. De fazer a menina ir embora. Apenas suspiros. De prazer, de dor, não sei. Suspiros.

E quando aquele momento de silencio acabasse? Quando a menina fosse embora? Quando ela contasse para as amigas? E se... O ritmo só acelerava. E a menina suspirava. Ela era leve, parecia feita de vento. Vento forte que me levava.

Com a cabeça sobre o meu peito, tentei ainda falar alguma coisa, mas a menina sshhhiiiiiiiii. Sorriu com os olhos. Depois se levantou, pegou a calcinha branca no chão. E no dia seguinte ela estava na varanda de novo. De sutiã, de short, com uma caneca de café na mão. Eu olhando pela janela, ela me viu. Apontou para o céu. Vai chover hoje. – disse. Mas não havia nenhuma nuvem.
E choveu. Porque ela quis e a vontade dela era maior que a previsão do tempo. A vontade dela era maior que ela mesma. Eu pensava. Enquanto isso, a vontade da menina me sugava para seu mundo cor-de-rosa e cinco horas da tarde a menina voltou da escola, com a roupa molhada, nem passou em casa. Subiu correndo as escadas e antes que chegasse à minha campainha eu já tinha aberto a porta.

A roupa molhada no chão da sala. Eu com minha menina no sofá. Tínhamos ainda uma hora e meia até que a mãe dela voltasse do supermercado. E o temporal que não parava.