Fui transportado para lembranças que já estavam esquecidas. Momentos que haviam se apagado da minha memória.
O sorriso em seu rosto era como uma apunhalada nas costas, contrariando tudo o que eu estava tentando sentir. Ele dava forças às suas palavras, trazendo-me conforto e serenidade.
Sua pequena mão segurava a minha com firmeza e segurança. Era eu quem precisava do conforto. Como podia uma pequena criança trazer tanta sabedoria e tranqüilidade? Como poderia eu, comportar-me como se fosse indefeso diante dela?
Suas palavras conduziam-me ao lugar mais tranqüilo da face da terra, dizendo-me que tudo ia ficar bem. Aquele seu sorriso confirmava o que dizia, era impossível não acreditar.
Mas seus olhos, havia algo em seus olhos.
Somente quando eles se fecharam, quando a força de sua mão ao redor da minha diminuiu e o sopro de vida deu o último suspiro em seu peito, é que percebi que você mentia. Percebi que as coisas não ficariam bem.
Foi quando perdi minha filha que eu descobri que a boca e o corpo podem mentir, mas os olhos não.