
Transformar teu sonho, paisagem.
Intensifique as notas e aumente os tons.
Mate e reviva teu peito em meus tambores.
Me amarre em seus versos.


Eu não estou nem aí! Quando eu ouço o meu som, visto minha roupa e coloco os óculos escuros, eu simplesmente não dou a mínima para o resto. O vidro aberto, o som alto e a velocidade aumentando.
É incrível como o tempo é capaz de nos enriquecer com conhecimento, experiência e maturidade. Às vezes eu me pego rindo ao lembrar como somos facilmente enganados e iludidos quando temos pouco contato com o tempo. Mas não há motivo para se aborrecer, isso faz parte da vida de todo ser humano; seremos crianças e por isso seremos facilmente enganados. E só depois, somente quando o tempo nos permitir, é que iremos nos dar conta de tudo isso.
Às vezes choro outras sinto medo calado
Não sei me defender e o mundo me machuca
Nos meus sonhos busco um guerreiro honrado
Herói poderoso que fique ao meu lado
Alguém que me livre das dores da luta
Sei que é ele, mesmo no escuro
Ele não acende a luz, mas sabe onde vai
Eu diviso o seu sorriso que o breu esconde
O reconheço, mas não sei chamá-lo pelo nome
E ele se alegra toda vez que eu digo pai.
Versos brancos para o corpo branco
Azuis os olhos
Cereja a boca
Derme, epiderme
Pele
Pele a pele
Pé no chão
Pernas brincam sob o lençol branco
Pêlos poucos
Pêlos claros
Arrepios
Dança de curvas secretas
Verdades à contra-luz


é pra falar de estrelas?Ali deitada do teu lado vi um horizonte. Algo como uma linha fina, um traço quase invisível que separava esse mar de águas paradas e o céu, azul mas sem pássaros. Talvez fosse a tua culpa.
Ali deitada na tua cama, sentindo o cheiro do teu cabelo, avistei essa rachadura no teto. Esse céu sem estrelas que se estende sobre nossas cabeças e que agora nos oprime nesse mês de julho. Pobre de meu céu, testemunha das constelações que criamos. Agora a rachadura. Talvez fosse o concreto cedendo aos poucos, formando goteira.
Me levantei. Na ponta dos pés, com a ponta dos dedos, podia segurar a rachadura. Enquanto você, ali deitada, dormia um sonho ainda mais distante que o meu e nem desconfiava do que acontecia na sua própria cama. As gotas se formavam ao redor da ponta dos meus dedos. Escorria lágrima dos meus olhos. Doces ou amargas, as águas se misturam. Cada gota, uma a uma, percorria os meus dedos. Eu não sabia mais por que ainda tentava. Mas não podia deixar chover sobre nossa cama. Não podia. De repente, o horizonte, cada vez mais perto. E a tormenta que afunda o nosso barco. Talvez fosse o meu medo.
Você, mocinha em apuros, e aquele pirata te levou embora. Sozinha nesse mar, eu só tinha essa linha e essa rachadura. Cansada demais, soltei e me deixei cair na cama, deitada do teu lado. E esse céu que desaba água sobre o nosso pecado. Talvez fosse esse amor pela metade.
